terça-feira, 21 de outubro de 2008

Inutil caminho

Longa viagem sem fim nem partida
A chuva bate na janela
O som da água escorre para o ouvido

Viagem incansável que quero completar
Mesmo sabendo que no fim só encontrarei a morte... no meu fim

Perdi a vontade à muito,
Mas continuo a viagem...
A vontade deixou de ser uma necessidade
Alcançar um qualquer objectivo é o importante

Conseguir alguma coisa
Por mais pequena que seja,
Por mais insignificante que seja,
Por mais inútil...

Quero deixar de me sentir inútil....

4 comentários:

Anónimo disse...

Como proposta para titulo "Significação da Vida".

Talvez ainda tenhas vontade..."Viagem incansável QUE QUERO completar"...vontade de descobrir até onde vai esta aventura, alimenta essa curiosidade.

Sentimento de inutilidade.. eu perguntaria inútil em relação a quê ou a quem? serás útil nem que seja a ti própria.

Na minha opinião o significado da vida fica entre:
Não pensar em ser tão grande ao ponto de vencer a eternidade,
nem tão pequeno ao ponto de esquecer os outros seres que coabitam connosco.

Encontramos o nosso caminho fazendo parte de uma sociedade, pois somos seres "que precisamos dos ovos dos outros" como já dizia uma piada antiga.
Sendo o ovo algo que temos em comum é precisamente quando duas mentes partilham a mesma opinião que o mundo modifica-se.

De que seria do escritor sem o leitor?

José Rafael disse...

Depois do que o Miguel disse, pouco mais há a dizer que seja realmente novo ou útil. Ainda assim,eu sou um daqueles que gostam das palavras - ainda que muitas das vezes sejam perfeitamente inúteis. Mas devo dizer que me lembrei imediatamente de Camus ao ler o teu texto.
Albert Camus, especialmente na sua obra "O mito de Sísifo" aborda o absurdo da vida humana. O conceito de "absurdo" é algo complexo,mas como dizia ele " Os gestos de levantar ,carro eléctrico,quatro horas de escritório ou de fábrica,refeição,carro eléctrico,quatro horas de trabalho,refeição sono,e segunda-feira,terça,quarta,quinta,sexta,sábado,no mesmo ritmo ..." e depois,de repente, os "cenários desabam, e acedemos a uma lucidez sem esperança ". Por vezes acedemos a um particular momento de lucidez - em que nos perguntamos coisas como "de que vale a pena todo o meu esforço" ou "de que serve isto tudo" - bem , de facto a vida é assim . E a morte, em certa medida, "um esboço do nada" (se te interessar visita o ciclo MISHIMA no CCB :P ) é entre estas duas premissas que temos alguma liberdade .

Conheces o mito de Sísifo? Os Deuses gregos condenaram Sisifus a um cruel castigo por este acorrentar a morte, de modo a que nenhum humano morresse. O seu castigo : para toda a eternidade teria que empurrar uma rocha até ao topo de uma colina - ao que esta rolaria pela montanha abaixo,tendo ele que recomeçar e repetir isto para toda a eternidade.
Assim , como Camus conclui, as nossas vidas não são menos absurdas do que as de Sísifo, tornado-se trágicas assim que tomamos consciência das nossas limitações. Mas aínda assim, continuamos a empurrar essa rocha, conscientes da futilidade do acto - "Acknowledging the truth will conquer it"

Espero não ter escrito nada de totalmente desporpositado ^_^ e se a temática te interessar aconselho uma leitura de Camus (contemporâneo de Kafka e Sartre,entre outros..)

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Fuzz' disse...

Gosto do blog.
Não é fácil afastar a sensação de inutilidade quando perdemos a vontade.
Better days will come.

 

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